Páginas

em inconstante definição.

terça-feira, janeiro 31, 2006

The Blower's Daughter - Damien Rice

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

quarta-feira, janeiro 25, 2006

O bom e velho papel

Um dia, eu fui um monge copista... Meus dias eram a biblioteca escura e fria de um rígido mosteiro beneditino, saindo de minhas tarefas apenas após as completas... Ou fui um escriba. Na verdade, devo ter sido alguém que não sabia ler e escrever e achava isso muito mágico, pois adoro ler, adoro papel... O cheiro - de livro novo ainda é melhor, o prazer é duplicado-, a textura, espessura, tipo de fibra, a porosidade... tudo... E amo escrever, desenhar letras, fazer arabescos nos cantos das anotações, mudar estilos, deliciar-me com a tinta tomando forma, criando vida, onde antes era o nada...
Fazia tempo que eu não sentia esse simples prazer. Minha mãe dizia que até minha lista de compras era feita no computador. Com a necessidade de fazer resumos de capítulos dos meus livros-travesseiros, estou me desfazendo desse mal...E voltando ao papel.Isso não é uma involução...Esse post, inclusive,nasceu numa branca folha de papel A4,com letras inclinadas em tinta preta.Minha letra fica mais bonita de preto.
Mesmo nunca pensando no assunto, nós queremos ser lembrados, (re)conhecidos, ter nossas idéias, deixar uma memória. Como dizem: “Ter um filho, plantar uma árvore, escrever um livro”. Não bastava apenas crescer e se multiplicar. Deveria haver uma forma de continuar, de perpetuar-se, alcançar a imortalidade, não ser esquecido.
Assim, o homem construiu (ou melhor, mandou construir) monumentos, cidades, muralhas ou simplesmente seus túmulos, conquistou reinos, dedicou-se à pintura,escultura, inventou, ousou, descobriu e escreveu. Para que a morte não apagasse a lembrança de seus dias.E continuamos assim, deixando um pouco de nós para quem está ao nosso lado ou quem vem depois.
E os primeiros recados nas paredes das cavernas? “Fui ali caçar um mamute, volto na próxima lua.” Ou deixavam pintado o que queriam que acontecesse ou aquela caçada memorável, que todos da tribo deveriam saber que você estava lá, de com você foi corajoso...rs.Das cavernas pra cá, contamos nossas histórias em paredes de templos, bloquinhos de argila, jarros, madeira, papiro, velino,livros escritos de tantas formas, tantos tipos de papéis... isso sem falar em computadores, internet, sites, blogs, flogs...aff ...Precisamos dizer a que viemos, sermos vistos e comentados.Não acredito que alguém exteriorize o que pensa, num conto, poema ou idéia, e realmente não queira ser lido e saber o que todo mundo achou. É do homem não se conformar com sua condição mortal. Sempre queremos viver um pouco mais, mesmo que só a memória, nossas idéias continuando de onde ficamos.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Balada do Céu Negro - Zeca Baleiro

"Não há nada que acalme um coração
Que faz do amargo seu sabor
Nada basta a minha alma que reclama sem paz
Os teus beijos sem amor

Vejo o céu negro derramar
sobre a cidade a sua dor
Meus olhos no rastro do sol
que a tempestade nunca apagou

pra onde vão desejos,
palavras sem razão?
Pra onde vão palavras?
versos ao vento vão "

sábado, janeiro 21, 2006

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Carlos Drummond de Andrade


Meu poeta preferido...Ele e eu temos algo em comum, além do gosto pela poesia...ambos farmacêuticos.Apesar disso,ele nunca exerceu a profissão, o que provavelmente acontecerá comigo tbm.Deixar uma paixão por outra maior ainda.E, por falar nisso, ontem foi o dia do Farmacêutico, esse dono das ciências da Cura, fiel herdeiro dos alquimistas e feiticeiras.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Algumas pessoas fazem um estardalhaço a respeito de padres confessores e esse costume da Igreja Católica. A meu ver, um hábito bem saudável, gostaria até de saber se alguém aí conhece uma igreja como as dos filmes que o padre ta lá, disponível pra te ouvir... Eu quero ir lá. Sim, não sou católica, eu sei. Tô precisando de alguém que me escute. Sabe por que acho um hábito saudável? Ninguém (teoricamente) precisava se preocupar com o que dizia, pois seu ouvinte estava preso a um juramento e confissão feita era segredo guardado. Quase uma terapia para quem se confessava. Aliás era uma terapia, depois das penitências ninguém mais era culpado.... E eu quero me confessar. Não, não fiz nada de terrivelmente errado. Não menti, não matei, não roubei, não desejei nada do próximo ou tomei o Santo Nome de Deus em vão...Também não fiz acordo algum com coisa alguma, não pratico (nem pratiquei) artes negras (rsrs, ao contrário do que alguns possam achar...) Desobedeci um pouquinho meu pai, mas já me retratei por isso.... São as pequenas aflições diárias, as dúvidas existenciais, os tênues limites do certo e errado, lembranças que doem e quero esquecer ou compartilhar, vontade de ouvir uma segunda opinião, a solidão de quem tá passando horas sem dizer uma palavra até que toque o telefone (a menos que eu cantarole ou fale sozinha), a vontade de ouvir alguém falar de como está se sentindo hoje e até contar seus problemas, discutir um filme ou um livro (nessas o padre não ajuda...). E têm coisas que não dá para achar que e-mail, celular, orkut, ICQ, MSN vão suprir, por que quero ouvir batidas de um coração e a expressão facial da pessoa com que falo e não o som dos meus dedos no teclado e emoticons. Sei que isso estreita laços, tenho provas, mas agora não me adianta.

E o que aconteceu com seus amigos? Talvez alguém tenha se perguntado. Nunca tive muitos amigos, mas sempre procurei cuidar muito dos que tenho. Sou muito fechada e até um pouco chata. Terminei a faculdade, não faço mais parte de um “grupo” por assim dizer... Não há mais aula ou laboratório para me ocupar todo dia. Meus amigos da faculdade (contados a dedo) ou trabalham muito ou estão em outros lugares fazendo pós-graduação. E de outros ciclos viajaram, mudaram de cidade ou estão ocupadíssimos com monografias, relatório do CNPq, um resolveu do nada não ser mais meu amigo (talvez por ter apoiado as mentiras de outro amigo dele com as quais resolvi não mais compactuar), duas estão brigadas entre si (o que dificulta aproximações, pois não quero magoar nenhuma e elas estão muito sensíveis) ou simplesmente eu achei que eram o que nunca foram...Meu pai vive viajando e eu passo o dia entre livros que serviriam de travesseiro e o computador.Só...Ridículo tudo isso, eu sei.Nunca fui de me expor e é isso que tô fazendo...Aff...Se alguém aí conhecer o tal padre, me dê um toque,deixe um scrap ou me mande um e-mail...

domingo, janeiro 15, 2006

In Perfect Harmony (Within Temptation)

In a world so far away
At the end of a closing day
A little child was born and raised
Deep in the forest on a hidden place
Mother never saw his face

Ancient spirits of the forest
Made him king of elves and trees
He was the only human being
Who lived in harmony
In perfect harmony

The woods protected, fulfillled his needs
Fruit by birds, honey by bees

He found shelter under trees
He grew up in their company
They became his family

A thousand seasons
They passed him by
So many times, have said goodbye
And when the spirits called out his name
To join forever, forever to stay
A forest spirit he became


Vale a pena ouvir essa música...às vezes penso que ela me transporta para onde realmente eu devia estar...


sexta-feira, janeiro 13, 2006

"Nesse momento, Elrond saiu com Gandalf, e chamou a Comitiva até ele. -Esta é minha última palavra -disse ele em voz baixa- O Portador do Anel está partindo na Demanda da Montanha da Perdição. Apenas sobre ele recaem exigências: de não se desfazer do anel, nem entregá-lo a qualquer servidor do inimigo, nem sequer deixar que qualquer pessoa o toque, com a exceção de membros da Comitiva e do Conselho, e mesmo assim em caso de extrema necessidade. Os outros partem com ele como copanheiros livres, para ajudá-lo no caminho. A vocês é permitido permanecer em algum ponto, ou voltar, ou desviar por outros caminhos, como o destino permitir. Quanto mais avançarem, mais díficil será recuar; apesar disso não lhes é impingido qualquer juramento ou compromisso de continuar além do que estiverem dispostos. Pois vocês não conhecem a força dos próprios corações, e não podem prever o que cada um vai encontrar na estrada.
-Desonesto é aquele que diz adeus quando a estrada escurece -disse Gimli.
-Talvez -disse Elrond -, mas não jure que caminhará no escuro aquele que ainda não viu o cair da noite.-Ainda assim, o juramento pode fortalecer o coração que treme -disse Gimli.
-Ou destruí-lo."
JRR TolkienO Senhor dos Anéis ( As duas Torres "O Anel vai para o sul")
....
Meio psicótico da minha parte, mas sempre lembro de um trecho d'O Senhor dos Anéis (em negrito) quando ouço juramentos...algo que ficou há anos preso em minha memória e me impede de jurar ou prometer algo por impulso ou levianamente.
Uma das coisas que mais me fascinam é a HONRA, a palavra de alguém q se sabe não mentir, não sucumbir a esse ato infame para preservar o que quer que seja.
Há uma cena de "As bruxas de Salém" q fala muito a tudo o que sinto: aJohn Proctor é oferecida a liberdade, caso ele faça algo que era deliberadamente mentir (não lembro de assumir, inocente, a acusação de bruxaria ou incriminar outros, realmente faz muito tempo) o certo é que ele disse, chorando, que não poderia assinar o tal papel...era seu nome e ele só tinha aquele, como manchá-lo com uma mentira?E ele morre por seu nome.
Por que ninguem entende essas coisas,quando deviam ser a regra?Quando vc se livra de uma culpa ou de uma mentira, ou escolhe não compactuar com elas, é como se seus ombros não mais suportassem o mundo, é vc salvando o que há de mais precioso, sua honra, sua alma....

sexta-feira, janeiro 06, 2006

"É a vaidade, Fábio*, nesta vida
Rosa, que de manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:

Mas ser planta, ser rosa, ser nau vistos
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?"

Gregório de Matos Guerra
*pode colocar seu nome aqui...