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em inconstante definição.

sábado, maio 13, 2006

Within Temptation - Our Farewell


In my hands
A legacy of memories

I can hear you say my name

I can almost see your smile

Feel the warmth of your embrace

But there is nothing but silence now

Around the one I loved

Is this our farewell?

Sweet darling you worry too much, my child

See the sadness in your eyes

You are not alone in life

Although you might think that you are

Never thought

This day would come so soon

We had no time to say goodbye

How can the world just carry on?

I feel so lost when you are not by my side

But there's nothing but silence now

Around the one I loved

Is this our farewell?

So sorry your world is tumbling down

I will watch you through these nights

Rest your head and go to sleep

Because my child, this not our farewell.

This is not our farewell.

quarta-feira, maio 10, 2006

O gato (Mário Quintana)

(para Ares, que muito me conhece.Estamos chateados nesses dias, mas ele é o único que aguenta toda a minha esquisitice...Ou será que apenas não entendo os seus miados?)

O gato chega à porta do quarto onde escrevo.
Entrepara...hesita...avança...

Fita-me.
Fitamo-nos.

Olhos nos olhos...
Quase com terror!

Como duas criaturas incomunicáveis e solitárias
Que fossem feitas cada uma por um Deus diferente.

"Cuidado com o que desejas....

...pois poderá ser atendido."É uma antiga máxima bem comum entre neopaganistas. Mas comum ainda para quem leu as Brumas de Avalon...
Ai, ai.Desabafos no blog. Eu fui má. Agi errado sabendo que era errado, sabendo que o outro (ou meu "próximo", se alguém quiser deportar-me logo pros infernos) era mais fraco e bastava ter dito não para ele e nada teria acontecido.Eu incitei, eu dei corda...Eu acredito no poder de escolha e que ninguém obriga ninguém a nada- nem com uma arma na cabeça, por que você escolhe morrer ou fazer- mas dei um empurrãozinho, sorri da hesitação,dos desejos conflitantes e ...Não tive ressaca moral, não me sinto culpada e pode ser que a outra pessoa em questão esteja assim.
Sinceramente? Deve ter algo errado comigo.Fui bem o Mordred que minha irmã sempre disse que eu era. Mau conselho... E querem saber o pior? Era algo que eu queria, mas devia não querer.Queria e sabia das implicações. E o que houve depois foi desapontamento por conseguir uma coisa desejada.Não pela coisa em sim, não sei se pelo mal-estar alheio também conseguido, com certeza pelo "sim e daí?o que faço com isso agora?". Ou talvez por que desejar algo pode ser tão bom quanto obtê-lo. Mas eu queria. Por isso não tive sentimento algum em relação aos temores de quem quer que fosse.
Eu apenas queria. E pronto! Eis-me aqui gemendo por não lamentar, sofrendo por não sentir nada-ou melhor sentindo algo sim, uma sensação de "argh", se é que dá para entender isso. Isso me lembra Tolstoi...(Já me disseram que romantizo as coisas, não é! Sempre comparamos nossos atos e advém deles nossos conceitos de moral, ética, certo e errado e esse monte de coisas que martelam diariamente "posso?","não posso?", "devo?", não devo?") Lembra Anna Karenina, coisa das brumas da minha adolescência - e digo logo que não acho o adultério o melhor do livro e sim a busca existencial de Levine, mas traição sempre causa mais frisson que alguém em busca de si mesmo...Quase 150 páginas e muitos devaneios e recados e assédios e "coicidências" para encontrar e falar com Anna- jovem esposa devotada a seu velho -e repugnante- marido e a mãe amorosa, exemplo pra quem quisesse ver- Vronsky consegue o que mais desejava...E depois de tudo, quando olhar para ela, é esse mesmo "argh" que ele sente. "argh" pelo que fizeram, "argh" por que ele amava a virtude dela, isso de não ser como todos, corruptíveis, de não como ele mesmo, alguém que nunca teve muita moral (essa parte acho que não se aplica muito à minha pessoa, pelo menos isso...).Amava-a por que lhe era inatingível.E estava desfeito.
Estou mal por não estar mal...vai entender...Esse post tá uma porcaria caótica.Mas não era pra ser poético (não tenho sensibilidade nem pretensões pra tanto), nem espirituoso, nem bem escrito nem nada.Caótico como são os desabafos...ai,ai...Já nem sei o que desejo...ou melhor, sei sim.....E Suhelen diz pra eu deixar de viajar....Oh, eu! Oh, vida!

sábado, maio 06, 2006

De Ressaca (Luis Fernando Veríssimo)

"Hoje, existem pílulas milagrosas, mas eu ainda sou do tempo das grandes ressacas. As bebedeiras de antigamente eram mais dignas, porque você as tomava sabendo que no dia seguinte estaria no inferno. Além de saúde era preciso coragem. As novas gerações não conhecem ressaca, o que talvez explique a falência dos velhos valores. A ressaca era a prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo.
Cada porre era um desafio ao céu e às suas feras. E elas vinham: Náusea, Azia, Dor de Cabeça, Dúvidas Existenciais - as golfadas. Hoje, as bebedeiras não têm a mesma grandeza. São inconseqüentes, literalmente. Não é que eu fosse um bêbado, mas me lembro de todos os sábados de minha adolescência como uma luta desigual entre a cuba-libre e o meu instinto de autopreservação. A cuba-libre ganhava sempre. Já dos domingos me lembro de muito pouco, salvo a tontura e o desejo de morte.
Jurava que nunca mais ia beber, mas, antes dos trinta, "nunca mais" dura pouco. Ou então o próximo sábado custava tanto a chegar que parecia mesmo uma eternidade. Não sei o que a cuba-libre fez com meu organismo, mas até hoje quando vejo uma garrafa de rum os dedos do meu pé encolhem.
Tentava-se de tudo para evitar a ressaca. Eu preferia um Alka-Seltzer e duas aspirinas antes de dormir. Mas no estado em que chegava nem sempre conseguia completar a operação. Às vezes dissolvia as aspirinas num copo de água, engolia o Alka-Seltzer e ia borbulhando para a cama, quando encontrava a cama. Mas os métodos variavam.
Por exemplo:
Um cálice de azeite antes de começar a beber - O estômago se revoltava, você ficava doente e desistia de beber.
Tomar um copo de água entre cada copo de bebida - O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida.
Suco de tomate, limão, molho inglês, sal e pimenta - Para ser tomado no dia seguinte, de jejum. Adicionando vodca ficava um bloody-mary, mas isto era para mais tarde um pouco.
Sumo de uma batata, sementes de girassol e folhas de gelatina verde dissolvidas em querosene - Misturava-se tudo num prato pirex forrado com velhos cartões do sabonete Eucalol. Embebia-se um algodão na testa e deitava-se com os pés na direção da ilha de Páscoa. Ficava-se imóvel durante três dias, no fim dos quais o tempo já teria curado a ressaca de qualquer maneira.
Uma cerveja bem gelada na hora de acordar - Por alguma razão o método mais popular.
Canja - Acreditava-se que uma boa canja de galinha de madrugada resolveria qualquer problema. Era preciso especificar que a canja era para tomar. No entanto, muitos mergulhavam o rosto no prato e tinham de ser socorridos às pressas antes do afogamento.
Minha experiência maior era com a cuba-libre, mas conheço outros tipos de ressaca, pelo menos de ouvir falar. Você sabia que o uísque escocês que tomara na noite anterior era paraguaio quando acordava se sentindo como uma harpa guarani. Quando a bebedeira com uísque falsificado era muito grande, você acordava se sentindo como uma harpa guarani e no depósito de instrumentos da boate Catito's em Assunção.
A pior ressaca era de gim.
Na manhã seguinte, você não conseguia abrir os dois olhos ao mesmo tempo. Abria um e quando abria o outro, o primeiro se fechava. Ficava com o ouvido tão aguçado que ouvia até os sinos da catedral de São Pedro, em Roma.
Ressaca de martini doce: você ia se levantar da cama e escorria para o chão como óleo. Pior é que você chamava a sua mãe, ela entrava correndo no quarto, escorregava em você e deslocava a bacia.
Ressaca de vinho. Pior era a sede. Você se arrastava até a cozinha, tentava alcançar a garrafa de água e puxava todo o conteúdo da geladeira em cima de você. Era descoberto na manhã seguinte imobilizado por hortigranjeiros e laticínios e mastigando um chuchu para alcançar a umidade. Era deserdado na hora.
Ressaca de cachaça. Você acordava sem saber como, de pé num canto do quarto. Levava meia hora para chegar até a cama porque se esquecera como se caminhava: era pé ante pé ou mão ante mão? Quando conseguia se deitar, tinha a sensação que deixara as duas orelhas e uma clavícula no canto.
Olhava para cima e via que aquela mancha com uma forma vagamente humana no teto finalmente se definira. Era o Peter Pan e estava piscando para você.
Ressaca de licor de ovos. Um dos poucos casos em que a lei brasileira permite a eutanásia.
Ressaca de conhaque. Você acordava lúcido. Tinha, de repente, resposta para todos os enigmas do universo. A chave de tudo estava no seu cérebro. Devia ser por isso que aqueles homenzinhos estavam tentando arrombar a sua caixa craniana. Você sabia que era alucinação, mas por via das dúvidas, quando ouvia falar em dinamite, saltava da cama ligeiro.
Hoje não existe mais isto. As pessoas bebem, bebem e não acontece nada. No dia seguinte estão saudáveis, bem-dispostas e fazem até piadas a respeito.
De vez em quando alguns dos nossos se encontram e se saúdam em silêncio. Somos como veteranos de velhas guerras lembrando os companheiros caídos e o nosso heroísmo anônimo.
Estivemos no inferno e voltamos, inteiros.
Um brinde.
E um Engov."
Para não expor ninguém, não colocarei nomes. O post é teu, dito de antemão...Confesso que assustei-me com a história da cama balançando.Pensei que era algo como "O Exorcista" , aonde a cama da Reagan também balança e ela escuta vozes(temi perguntar isso, sobre as vozes e ouvir um "siiiim", vai que eram os primeiros sinais da possessão?).Ainda vou te ver bêbada, já cansei de te ver de ressaca.Nesse dia vou rir muito. Te adoro.

quinta-feira, maio 04, 2006

momento bucólico...

I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived.
H.D. Thoreau (Walden Or Life in the Woods)
(Texto aparentemente sem novidade...todo mundo já viu Sociedade dos Poetas Mortos...mas experimentem ler Thoreau em Desobediência Civil.)